Intervenção estatal e a sensibilidade da moeda



A Economia é formada por ciclos. É caracterizada por movimentos de constante valorização e/ou desvalorização de bens ativos e passivos, vinte e quatro horas por dia, motivadas pelo jogo político, pelo cenário do comércio internacional, por exposição de grandes bancos, entre outros. O mercado formado por tais movimentações é soberano perante o investidor, justamente pela completa imprevisibilidade em seu fluxo. É impossível prever que o presidente de um país sofrerá um golpe de Estado. Mas isso afetará o Mercado Financeiro. E de forma considerável.

Tudo o que acontece no mundo determina as cartas no jogo do Mercado, logo, um agente na cadeia mercadológica afetará o próximo, e o próximo após ele, logicamente, continuando a afetar a todos os agentes posteriores em “efeito dominó”. Isso já fora explicitado pelo magnânimo autor escocês Adam Smith em suas obras clássicas como “a mão invisível do Mercado”. Ademais, o princípio liberal de Smith determinava outro axioma sobre o Mercado: ele se autorregula.

O princípio liberal “laissez-faire”, expressão francesa que significa “deixe passar”, doutrina que o Mercado não necessita de regulação governamental para que ele possa ser legítimo ou, ainda por cima, bem sucedido. Logo, a Economia não necessita de massiva intervenção estatal. A História comprova, desde os primórdios do capitalismo (como o imperador romano Diocleciano em 301 d.C., responsável pela primeira hiperinflação da História) até a nossa sociedade globalizada, que a massiva intervenção estatal na Economia, mediante controle de preços e intensa regulação, foi, em suma, desnecessária. Ademais, a necessidade deveria ser o primeiro princípio norteador da ação estatal, parafraseando Ludwig Von Mises: “compete a ele – o governo – fazer todas as coisas pelas quais ele é necessário e para as quais ele fora instituído”. No que concerne ao capital em si, a situação fica muito mais sensível: não podemos esquecer que o dinheiro, apesar de ser nosso meio de troca e reserva de valor, também é um produto, que também responde às leis da oferta e da demanda e às suas violações. Muito capital em circulação resulta em desvalorização do seu próprio valor, ou seja, por consequência, na alta dos bens de consumo, e vice-versa. Poucas coisas podem ser tão nefastas quanto a intervenção estatal na Economia mediante a emissão inapropriada de capital, ou seja, fabricação de dinheiro. E é nesse ponto em que se sustenta a seguinte assertiva: a movimentação do Federal Reserve, desde 2009 até os próximos anos, pode estar levando a economia mundial a mais uma recessão.

*Texto originalmente publicado no dia 17 de março de 2020, no Instagram do autor.

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