Sobre a escalada do preço do dólar e a demanda pela moeda: o dólar sobe ainda mais?



O questionamento sobre uma possível subsequente alta do dólar ronda o pensamento do senso comum. Em meio ao caos causado pelo Sars-Cov-2, o “novo coronavírus”, a incerteza perante ao enrijecimento do câmbio é clara e evidente entre a população brasileira. Nada pode ser pior do que o dólar custar mais de 5 reais e 25 centavos, certo? Errado. Muito errado. Necessita de uma explicação? A premissa é simples: a demanda exacerbada por dólar, somada ao descontrole do câmbio por “autoria” do Banco Central, causa essa disparidade implausível entre dólar e real.

Pela lei da oferta e demanda, que rege a Economia capitalista, um produto que é extremamente demandado sofre valorizações no seu preço. É por esse motivo que o preço do álcool em gel disparou nesses últimos tempos, mas fiz um texto específico para isso. Então, de onde vem essa demanda? O buraco é mais embaixo.

Recentemente, os ratings de muitas empresas - empresas grandes - americanas foram decrescidos. Isso significa que, perante o mercado, essas empresas possuem maior probabilidade de entrar em processo de insolvência (em outras palavras, falir). Logo, empresas como essas são mais taxadas por bancos, caso queiram adquirir crédito. Acontece que essas empresas, por conta do cenário de juros baixos, adquiriram dívidas gigantescas a alguns anos atrás, e agora o custo pra “empurrar” as dívidas pra frente estão ficando maiores, o que os fazem demandar mais dinheiro ainda.

Do outro lado, os bancos, que emprestam pra essas empresas, precisam de uma garantia contra possíveis inadimplências (calotes) de tais companhias. Quanto mais baixo o rating das empresas, mais dinheiro essas empresas tomam de crédito pra satisfazer suas necessidades, o que aumenta ainda mais a necessidade do banco demandar garantia contra possíveis calotes. Os bancos também pegam dinheiro emprestado para proteger seus empréstimos (afinal, está é a fonte de capital mais líquida que há). Ou seja: empresas e bancos demandam dólar. Todo o sistema demanda dólar. O dólar dispara.

Aliado a este problema, o Banco Central, liderado pelo Sr. Roberto Campos Neto, vem adotando uma política econômica de expansão enorme. A taxa de juros atingiu a mínima de 3,75%, a menor taxa da história do país. Ora... a SELIC (taxa de juros brasileira) é o preço do real. Em um cenário onde a massiva demanda por dólar, ao mesmo tempo em que o real decresce por conta das baixas taxas de juros, por osmose, o preço do dólar se descontrolaria e acabaria se valorizando descontroladamente. É exatamente isso que estamos vendo. E, infelizmente, enquanto a crise não findar, não mudará uma vírgula sequer. Sim, o dólar ainda vai subir mais. Aguardem por cenas dos próximos capítulos.

P.S: o tamanho da demanda em dólar é calculável: 60 trilhões de dólares em dívidas, demandados por todo o globo.

*Texto publicado originalmente no dia 02 de abril de 2020, no Instagram do autor.

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