Conservadorismo não é idolatria
Aqui quem vos fala é um rapaz de 20 anos de idade, cujo voto para presidente da República Federativa do Brasil nas eleições de 2018 foi para Jair Messias Bolsonaro, candidato pelo Partido Social Liberal. Este mesmo rapaz ignorou o passado interventor e estatista do sujeito supracitado, assumindo que a postura de que tal sujeito se caracterizaria como o "mal menor", tomando como base a doutrina católica e a filosofia do Santo Tomás de Aquino: entre dois males, escolha aquele que causará menos danos. Por este motivo, eu e outros conhecidos fomos impulsionados a votar em Jair Messias Bolsonaro. Mas por que "mal menor"?
Jair Bolsonaro indicou o economista Paulo Guedes para ser ministro da Economia durante seu governo, e o então juiz Sérgio Moro pra ocupar a cadeira do Ministério da Justiça. Ora, o primeiro era um economista laureado, fundador de um grande banco de investimentos, gestor de um grande fundo e conselheiro de grandes empresas nacionais. Não havia melhor nome a ser indicado. O segundo era o juiz de primeiro grau que havia coordenado a Operação Lava-Jato e prendido uma quantidade voluptuosa de burocratas que haviam larapiado o capital dos contribuintes. Sendo ministro, o mero juiz estaria a um passo de ocupar uma cadeira na mais alta corte do país. Também não havia melhor nome a ser indicado. O candidato foi eleito, os citados foram indicados e, em pouco mais de um ano de governo, o presidente eleito se volta contra os pilares ideológicos que o caracterizavam como o "mal menor".
Não é necessária, neste texto, a exposição do que aconteceu no cenário político brasileiro durante estas últimas 4 ou 5 semanas. A imprensa se torna um veículo melhor que um mero blog (de um rapaz de 20 anos) para informar sobre os acontecimentos envolvendo a batalha entre o presidente e seus ministros. Apenas irei me conter à síntese dos fatos: o presidente atuou criminosamente (supostamente) ao tentar interferir na Polícia Federal, causando a renúncia do então ministro Sérgio Moro ao Ministério da Justiça. Ademais, o presidente declarou-se apoiador de medidas intervencionistas, criando, inclusive, a NAV Brasil, mais uma empresa estatal, medidas que vão de encontro à proposta de um liberalismo econômico promovido pelo ministro Paulo Guedes.
Não existe conservador que, tendo acesso aos fatos, se declare favorável às medidas do presidente. Quem se declara favorável a tais medidas não pode se declarar conservador. Muito menos declarar que apoia a pessoa do presidente, independente dos acertos ou erros do mesmo, como proferido pela deputada federal Carla Zambelli. Em suma, segundo Edmund Burke, o pai do conservadorismo britânico, em sua obra "Reflexões Sobre a Revolução na França", o conservadorismo possui dois pilares principais: a manutenção de uma sociedade de mercado, ou seja, o apoio ao liberalismo econômico; e o ceticismo em relação à política. Apoiar medidas keynesianas de intervenção estatal na economia promovidas pelo presidente e transformá-lo numa espécie de "salvador da Pátria", depositando, de forma integral, a confiança da população nas mãos do líder supremo é qualquer coisa, exceto conservadorismo.
Se um mero rapaz, dono de um blog, de apenas 20 anos de idade, consegue enxergar isso, mas grandes influenciadores que se dizem conservadores não conseguem, tem alguma coisa errada. Ou o pai do conservadorismo está certo, ou eles estão. A consonância entre os dois é inconcebível.
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